sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Em 8 de outubro de 2011

Minha vida, de sólida que era, tornou-se um desmoronamento sutil de padrões, ideias e sensações. 
Meu corpo, de limpo que era, tornou-se um mapa rabiscado várias vezes pela mesma letra. 
Meu sorriso, de amplo que era, tornou-se uma ponte e uma placa de sinalização que avisa "permitido ultrapassar". 
Meus olhos, de profundos que eram, transbordam agora um rio inteiro de saudade e esperança. 
Meus sonhos, de altos que eram, tornaram-se estacas que prendem minhas conquistas ao chão e me protegem das tempestades. 
Minha fé, de fraca que era, agigantou-se e fez sombra para todos os demônios da infelicidade que me aguardavam na esquina. 
Minha cor, de pálida que era, coloriu-se de tantas cores quantas eram minhas expectativas. 
Meu barco, de frágil que era, carregou-se de âncoras de certezas vacilantes, as melhores. 
Minha casa, de simples que era, transformou-se em palácio dourado onde dorme a realeza sem coroa. Minhas palavras, de raras que eram, espalharam-se fluidas, jorrando pétalas de todas as flores que passaram a brotar em mim. 
Meu silêncio, de sereno que era, inquietou-se e foi preenchido pela lembrança de cada fôlego e cada sussurro. 
Meu espírito, de terreno que era, acomodou-se na nuvem mais alta, circundada de tantas canções quantas eram minhas incertezas. 
Estas, por sorte, eram muitas.

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