sábado, 24 de outubro de 2009

Em cima do muro...

Às vezes me pego no meio de um dilema e não consigo sair de cima do muro. Tento me resolver, escolher um caminho, um lado. Mas nada faz com que me sinta segura com a decisão. E ela, a decisão, só cabe a mim. Não adianta tentar ajuda, nem conselhos. ada vai tirar o peso da responsabilidade, de arcar com as conseqüências, de mim. Por mais que pense, que pese, analise, a conclusão não chega. Isso já aconteceu várias vezes, e agora se repete. Por fim, me agarro ao tempo, e deixo que ele dite o destino. Não deixa de ser minha opção sendo realizada, mas de uma forma menos objetiva, e isso acaba me deixando mais leve.
"Coincidência ou não, nesse exato momento,
a folha brinca no vento, vc no meu pensamento..."

As duas faces da mesma moeda.

Michelli era uma moça carinhosa e no mínimo romântica. Era daquelas moças que acreditam em quase tudo o que dizem, incluindo elefante azul voando. Michelli não perdia a esperança nunca, mesmo qndo a situação se mostrava cada vez mais caótica. Pequenas coisas a faziam chorar. Final infeliz de filme, era no mínimo, um ultraje. Afinal íamos ao cinema para esquecer das mazelas da vida e não para sermos lembrados delas.

Michelli gostava de saber e também de perguntar, sabia que o mundo era um ovo e mesmo assim queria viajá-lo por inteiro. Sabia que o homem da sua vida não estava na esquina, mas talvez estaria naquele olhar de lado, onde não se enxerga direito. Michelli era assim... Intensa, não tinha medo de ser feliz e mto menos infeliz. Mergulhava com força mesmo que doesse, pois ainda assim via beleza na dor e afinal estava viva. Para ela, estar viva, já era o bem supremo. O resto, assim como a vida, passaria e portanto, não deveria ser desperdiçado com trivialidades.

Michelli era amiga da "outra Michelli". Apesar de suas drásticas diferenças elas se davam bem. No entanto, a Michelli era pessimista e a "outra Michelli" não. Uma não tinha mais fé nas pessoas e a outra nunca a perdia. Michelli gostava de MPB e a "outra Michelli" de rock. Michelli tocava, ou pelo menos achava que sim, guitarra, baixo e violão, a "outra Michelli", por sua vez, tocou um ‘bife’ qndo era criança no piano. No entanto as duas eram amigas, e por vezes eram quase inimigas, mas sabiam que uma completava a outra e que sem esta companhia seria impossível viver.

Michelli e a "outra Michelli" eram assim... Duas faces de uma mesma moeda. Suas opiniões, suas paixões eram por vezes parecidas, mas as interpretações completamente diferentes. Mas na verdade isso não importava muito, por que elas eram, afinal, amigas e gostavam de trocar as diferenças, por que enfim eram assim que cresciam e me tornavam a mulher que sou. Corajosa e excessiva, por vezes triste e perdida, mas invariavelmente forte e esperançosa. Nessa vida elas sabiam que nada as deteriam. Que nada me deteria.

Segue um poema mto legal que li um dia e adorei, mas não sei quem é o autor. Espero que gostem tanto qnto gostei!

Sou assim Duas de mim Às vezes três Quatro... cinco... seis... Sou uma por mês Me diversifico. Tem horas que grito Vivo num conflito Mostro ao mundo minha dor Outras horas, só sei falar de amor A mais romântica Melodramática Estática Chorosa e nervosa Carente e decadente Vingativa e inconseqüente Aí quando menos me percebo Me transformo em mulher cheia de medo Cheia de reservas Coberta de sutilezas Séria e sem defesa No minuto seguinte No papel de mulher fatal Viro logo a tal Aí sou dona do mundo Segura e destemida Altiva e atrevida Rasgo meus segredos ao meio E exponho num roteiro De poesia ou texto Agrido, inflamo Conto o que ninguém tem coragem de contar Explico detalhes que é bom nem lembrar Sou assim Várias de mim Sorriso por fora Angústia toda hora Por dentro um tormento No rosto nenhum sofrimento No corpo uma explosão de prazer Nos olhos, meu desejo deixo perceber Melhor nem me conhecer Fique com minhas letras Com as minhas palavras Na vida real sou bem mais complicada Sou mil E quem tentou, descobriu Que viver ao meu lado É viver dentro de um campo minado Prestes a explodir Mas quem esteve nele Nunca quis fugir