quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Das lagrimas e da natureza humana

Ontem desejei que a senhora estivesse aqui, vó. Com seus olhos castanho escuros quase negros que enxergam sempre além, com seu colo sempre disponível, seu sorriso sempre aberto, o afago certo. Eu ontem chorei um bocado , e não foi um choro qualquer, não foi aquele choro de criança que não ganhou o brinquedo tão desejado, a quem fora negada a guloseima que se exibe na vitrine da loja de doces. Foi um choro intenso, sentido, sofrido. De dor, de solidão, de cansaço, de exaustão. Se você estivesse aqui ia me afagar os cabelos molhados pelas lágrimas, ia dizer que sou tão boba... nada como um dia depois do outro, e outro, e mais outro, e mais outro... "Pra quê chorar filha... não resolve nada." E eu ia olhar dentro dos seus olhos ainda mais castanhos escuros e dizer: "Porque dói vó... dói tanto..." Eu pousaria mais uma vez a cabeça no teu colo, e adormeceria, exaurida pelo choro convulso. Segura, aquecida. Eu hoje chorei mais um tanto. "A dor não quer ir embora vó... não quer..." Eu só queria seus olhos castanhos escuros quase negros. O seu colo. E ouvir você dizendo que chorar é desperdício de tempo quando a vida é tão breve e a morte é certa. Eu sinto tanto a sua falta, vó! Deus sabe... Ah Ele sabe vó...