sábado, 27 de fevereiro de 2010

"Para cada pedaço de mim que te quer há outro pedaço que se afasta"

Ainda sou jovem e posso perder algum tempo sem perder uma vida inteira. Tenho evitado cair de joelhos diante do que cresceu entre nós. Sei que respondo com indiferença quando (angustiada) estou longe de você. Sorrimos muito quando estamos em público, mas sei que se estivéssemos a sós, você não sorriria. Fico calada quando de longe observo você conquistar a todos com essa simpatia, sua característica mais marcante – depois do seu sorriso, é claro. Mas permaneço quieta e com cautela, analiso a minha discreta cena de ciúmes. É raro eu tomar cuidado com a intensidade da emoção para não demonstrar isso quando te olho. Não tenho medo do que possa acontecer. Apesar da minha ousadia, existe um grande, o maior obstáculo para irmos adiante: Você mesmo. Você tem sido a maior dificuldade no nosso caminho. E é com enorme esforço que digo: Te espero.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Carta que recebi de uma amiga.

Mexendo em uma caixa de coisas antigas achei uma carta que recebi a uns 3 ou 4 anos de uma amiga que já não vejo. Depois de ler lembrei e emocionei-me novamente com uma parte. Resolvi postar: "Pra viver contigo o cara tem que ser muito especial, mas especial mesmo. Tem que ter alma clara, mente aberta, ler as estrelas e criar desafios palpáveis e inimagináveis. Tem que ser aventureiro da existência e soldado da resistência. Tem que poder lhe pagar um grande sonho e vivê-lo ao teu lado. Tem que saber se comportar à mesa mas perder a linha diante de um cachorro-quente ou de um bom mac lanche. Ser o amor de uma pisciana é muito mais do que ser amado. Por isso, a hora que encontrares alguém com todos estes predicados saberás que caíste em tua própria armadilha e que só haverá futuro se fizeres teu presente e... passado é passado" Mônica Santana
"Jamais caia, roube, engane ou beba. Se for para cair, que caia nos braços do seu amor, Se for para roubar, roube boas amizades, Se for para enganar, que engane a morte, Se for para beber, beba nos momentos de tirar seu fôlego.¹" ¹Do filme Hitch - Conselheiro amoroso

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ela por ela mesma.

Ela gosta de pessoas atenciosas e que conversem olho nos olho. Se dá bem com quase todo mundo e sabe diferenciar muito bem as pessoas. Admira grandes sorrisos e tem uma tara (que não é nada secreta) por pernas. Tem horror de falar em público e treme as mãos em uma velocidade incrivel por segundo. Faz coleções esquisitas e acaba desistindo, e tem manias estranhas que se surpreende ao descobrir. Tem cócegas quando mexem na barriga dela e não gosta de variar os esmaltes das unhas dos pés. A mania de limpeza tira qualquer um do sério. É tão detalhista quanto observadora e tem uma memória péssima. Faz monólogos e discute ate com quem não existe. Inventa uma terceira pessoa só para não se sentir sozinha. Cozinha como ninguém e tem a imaginação fértil demais para idéias que não fazem sentido algum. A personalidade fria e calculista é puro artificil. No fundo, a generosidade afetiva é tão grande quanto a carencia. Seu passatempo é procurar explicações para as alegrias e para os problemas do mundo das emoções. É também os livros que lê e o que pensa, mas, às vezes, suas emoções contadizem suas palavras.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Às vezes...

Às vezes tudo o que vc pode fazer é colocar um sorriso no rosto. Mesmo que esse sorriso faça doer (e depois adormecer) os músculos da sua face e do seu peito. Mesmo que, assim sorrindo, seu reflexo no espelho seja de um completo estranho. Às vezes a vida não sai como o planejado. Mesmo quando vc nem sabia direito como queria que fosse. Mesmo que vc só tenha vivido atraves da falta. Às vezes pensar dói. Mesmo que a dor não seja palpável. Mesmo que não possa ser curada em seu espírito. Às vezes erramos em nossas vidas. Mesmo que precisemos de uma vida inteira para entender onde erramos. Mesmo que nada possa ser feito com essa sapiência. Às vezes a vontade é simplesmente de parar. Mesmo que o coração continue a bater. Mesmo que o cérebro continue a pensar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mas não é, com certeza o meu país!

Tô vendo tudo! Tô vendo tudo! Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo. Um país que as crianças elimina Que não ouve o clamor dos esquecidos Onde nunca os humildes são ouvidos E uma elite sem Deus é que domina Que permite um estupro em cada esquina E a certeza da dúvida infeliz Onde quem tem razão baixa a cerviz E massacram-se o negro e a mulher Pode ser o país de quem quiser Mas não é, com certeza, o meu país Um país onde as leis são descartáveis Por ausência de códigos incorretos Com quarenta milhões de analfabetos E maior multidão de miseráveis Um país onde os homens confiáveis Não tem voz, não tem vez, nem diretriz Mas corruptos tem voz, e vez e biz E o repalto de estímulo incomum Pode ser o país de qualquer um Mas não é, com certeza, o meu país Um país que perdeu a identidade Sepultou o idioma português Aprendeu a falar 'pornofonês' Aderindo à global vulgaridade Um país que não tem capacidade De saber o que pensa e o que diz Que não pode esconder a cicatriz De um povo de bem que vive mal Pode ser o país do carnaval Mas não é, com certeza, o meu país Um país que seus índios discriminas E as ciências e as artes não respeita Um país que ainda morre de maleita Por atraso geral da medicina Um país onde escola não ensina E hospital não dispões de raio-x Onde a gente dos morros é feliz Se tem agua da chuva e luz do sol Pode ser o país do futebol Mas não é, com certeza, o meu país Tô vendo tudo! Tô vendo tudo! Mas, bico calado, faz de conta que tô mudo Um país que é doente e não se cura Quer ficar sempre no terceiro mundo Que do poço fatal chegou ao fundo Sem saber emergir da noite escura Um país que engoliu a compostura Atendendo a politicos sutis Que dividem o Brasil em mil Brasis Pra melhor assaltar de ponta a ponta Pode ser o país do faz-de-conta Mas não é, co certeza o meu país Tô vendo tudo! Tô vendo tudo! Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo (Zé Ramalho - O meu país)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Visão.

De dentro do ônibus eu o vi. Sentado na calçada, com as pernas esticadas na rua. A sola dos pés pretas e grossas, como solados. Cabelos altos, crespos e grisalhos. A barba era imensa, quase chegando no peito. Pele queimada pelo sol. Muitas rugas ao redor dos seus olhos atentos. Vestia trapos bem sujos. Ao seu redor muitas sacolas de lixo, restos espalhados pelo chão. Um pé de sapato solto na calçada. Um saquinho menor com restos de comida que provavelmente seria sua próxima refeição. Um cobertor dobrado encostado no muro da casa e um grande papelão. Uma resvista aberta sendo folheada cuidadosamente pelo mendigo. Seus olhos brilhvam. Aquilo parecia um presente para ele. Folhas coloridas, informações, fotos, ilustrações. Por ali ele via um mundo diferente do seu. Será que sonhava com uma vida diferente? Ou apenas admirava as fotos das belas praias? Será que imaginava que aqueles lugares seriam reais? Quem há de saber? As perguntas brotavam na minha mente. Será que ele ainda tem familia? E se tiver, onde estarão? Por que ele vive na rua? O que terá feito para estar nessa situação? Será que ele tem fé? Onde está Deus? Será que Deus realmente existe? Queria ter conversado com o mendigo. Queria respostas para minhas perguntas. Queria poder ajudá-lo. Queria aprender com aquele homem por traz da pobreza. Cinhecer sua alma, sua essencia, sua verdade. Mas o onibus seguiu viagem... E eu também...